
O contacto visual é muito mais do que “olhar nos olhos”. Ele é uma ponte para a comunicação, ajudando a criança a perceber emoções, interpretar expressões faciais e manter a atenção durante interações sociais.
Para algumas crianças — especialmente aquelas com atrasos no desenvolvimento ou no espectro do autismo — essa habilidade pode ser mais difícil de adquirir. Mas, com estratégias adequadas, é possível estimulá-la de forma natural e prazerosa.
Comece por Momentos de Prazer
Escolha situações em que a criança já esteja feliz e envolvida, como durante uma brincadeira favorita, cantando uma música ou recebendo cócegas.
Quanto mais o contacto visual for associado a momentos positivos, maior será a motivação para repeti-lo.
Fique à Altura dos Olhos
Ajoelhe-se ou sente-se para que o seu rosto fique no mesmo nível do olhar da criança.
Isso facilita a percepção das expressões e transmite segurança e proximidade.
Use Expressões Faciais Chamativas
Exagere um pouco nos sorrisos, levante as sobrancelhas, mova a boca de forma divertida.
Expressões marcantes chamam a atenção e despertam curiosidade para olhar.
Transforme em Jogo
Inclua o contacto visual em brincadeiras como:
- “Cadê o… achou!” (esconde-esconde com o rosto)
- Usar brinquedos coloridos próximos ao rosto
- Soprar bolhas de sabão e esperar o olhar antes de estourá-las
Reforce o Comportamento
Sempre que a criança olhar para você, mesmo que rapidamente, reforce:
- Com elogios (“Muito bem!”)
- Com afeto (abraço, toque)
- Continuando a atividade ou brincadeira
Isso mostra que o contacto visual é recompensador.
Evite Pressão Excessiva
Nunca force o olhar direto. Pressionar pode gerar desconforto e afastamento.
O objetivo é que o contacto visual seja espontâneo e prazeroso.
Utilize Interesses da Criança
Aproxime do seu rosto o que ela mais gosta: bonecos, brinquedos luminosos, músicas ou objetos de interesse.
Assim, ao olhar para o que gosta, naturalmente ela também olha para você.
Conclusão
Estimular o contacto visual é um processo que exige paciência, consistência e afeto.
Pequenos progressos diários acumulam-se, criando avanços significativos na comunicação e na conexão entre a criança e o adulto.
Mais do que “treinar um olhar”, trata-se de construir momentos de verdadeira troca e vínculo.